© Elliot Erwit
© Diane Arbus

Arbus poderá ter procurado fotografar a dor dos outros ou para sentir alguma coisa, como se a sua vida fosse um vazio de sentimentos, ou para sentir menos, como se olhar a dor dos outros a lembrasse de quão insigni-ficante era o seu sofrimento. Sim, é verdade, estes são os dois grandes motes que nos levam a gostar de assistir ao sofrimento dos outros. No entanto, não é possível definir o trabalho de Diane Arbus, por uma simples razão: porque não é possível defini-la. Se se gerou uma espécie de hype à sua volta, como se gerou em relação a tantos outros ícones, sobretudo quando estes puseram fim à sua própria vida, foi porque a sua vida era um mistério, porque não conseguimos compreender o nível de sofrimento em que vivia, as dúvidas e os dilemas com que tinha de lidar para continuar a fotografar. Como sempre, o melhor da vida são as pessoas e o que torna este trabalho singular e único é a pessoa por detrás da câmara e não os assuntos que escolheu fotografar.

Esta minha dúvida relativamente à palavra “grotesco” vem de trás. Outros críticos de fotografia a têm usado num contexto que julgo despropositado. Para exemplificar, o Sérgio Mah, no seu livro “A Fotografia e o Privilégio de um Olhar Moderno”, ao falar de uma fotografia de Jeff Wall – Milk – refere que a exuberância do corpo e a modelação dramática da imagem lhe dão uma plasticidade grotesca. Porque a palavra grotesco, relativamente às artes plásticas, aplica-se ao período da Antiguidade Clássica, em que certas formas ou adornos se tornam exuberantes ou excêntricos. E nem nas fotografias de Arbus, nem na Milk de Jeff Wall, encontro tais elementos.

One thought on “Diane Arbus and the idea of the Grotesque

  1. hi :) só para dizer que tou a gostar muito disto tudo…uma pedra no charco neste meio, serei um expectador e leitor atento…porque sim! (plis)

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